80 ANOS COM UM BURACO NA CABEÇA FEITO POR EXPERIÊNCIAS RACISTAS EM 1927

RDD (*)

O segredo trágico e horrível que Vertus Hardiman foi obrigado a esconder debaixo de uma peruca durante 80 anos.

Hardiman, aos cinco anos de idade, tornou-se vítima de uma experiência médica norte-americana que o deixou com uma grave deformidade.

Hardiman nasceu em Lyles Station, um dos primeiros povoados negros dos Estados Unidos na década de 1920, que fica no estado de Indiana. Em 1928, ele frequentou a escola primária local, Lyles Consolidated School. Aí começou o seu sofrimento depois de uma experiência a que foi sujeitado um ano antes.

Em meados do século XX, os afro-americanos foram submetidos a todo o tipo de experiências hediondas. Desde a escravatura, os negros eram largamente utilizados como cobaias em experiências médicas. E o pior é que estas experiências eram feitas, na sua maioria, sem o seu conhecimento ou consentimento das vítimas.

Hardiman ficou com o crânio deformado. Crédito da foto: Jornais Afro-Americanos

O objectivo e a verdadeira natureza destas experiências monstruosas também eram ocultados. Foi o caso de Hardiman. Aos 5 anos de idade, ele estava entre as 10 crianças cujos pais foram abordados por funcionários do hospital do condado para uma experiência.

Os funcionários disseram aos pais que havia um novo tratamento para a dermatofitose, uma infecção fúngica vulgarmente conhecida como "minhoca de anel".

"O que os pais não sabiam era que as crianças faziam realmente parte de uma experiência humana sobre radiação extrema; elas foram escolhidas provavelmente porque viviam num local tão isolado, e provavelmente porque eram todas negras", relata Blackthen.com.

A experiência deixou as crianças afectadas não só com cicatrizes desfigurantes no couro cabeludo, mas também com traumatismo craniano. Os relatos dizem que as crianças sofreram dores de cabeça, tonturas e queimaduras extremas no couro cabeludo. Elas também perderam o cabelo permanentemente.

Um dos pais entrou com um processo judicial contra o hospital, argumentando que tinham sido enganados. No entanto, o veredicto considerou que o hospital não era responsável. Muitas das crianças foram obrigadas a usar chapéus e perucas para encobrir o efeito das experiências.

Hardiman foi o mais afectado pela experiência. Durante os 80 anos seguintes, sofreu uma lenta dissolução da matéria óssea do seu crânio. Assim, teve de usar chapéus, perucas e perucas para cobrir a cabeça deformada e o buraco no seu topo.

Hardiman Vertus. Crédito da foto: Furo na Cabeça

Ele passou por uma série de dores em cada momento da sua vida, pois passava uma hora todos os dias para “vestir” a ferida. Surpreendentemente, ele nunca se queixou da sua infeliz situação.

Hardiman Vertu também acumulou uma riqueza significativa investindo em imóveis.

Membro dedicado na igreja, Hardiman finalmente revelou o segredo horrível ao seu amigo, Wilbert Smith, depois de 20 anos de convivência em que os dois faziam parte do coral da congregação.

Wilbert Smith fez uma parceria com Brett Leonard, um renomado diretor de Hollywood, para contar a história de Hardiman num documentário de 2011.

Antes da sua morte, em 2007, aos 85 anos de idade, Hardiman trabalhou para o Hospital Geral do Condado de Los Angeles, onde serviu com distinção. Viveu os seus últimos anos em Altadena, Califórnia.

Fontes dizem que, ao morrer, deixou oito milhões de dólares para a sua igreja e para um fundo de bolsas de estudo educativo.

(*) Com face2faceafrica